Todos
os anos, a MHC International, uma consultora internacional especializada em
Responsabilidade Social Corporativa (RSC) e em Sustentabilidade, reúne um
painel de especialistas que perspetiva as principais tendências nestas
temáticas.
Para
2012, e pelo sexto ano consecutivo, o painel elegeu cinco grandes áreas, as
quais devem ser levadas seriamente em conta pelas empresas. O OJE Mais
Responsável resume as tendências identificadas. Segundo os especialistas,
existem evidências claras de que a confiança nas marcas, empresas e setores no
geral está em declínio. Todavia, esta queda poderá propiciar uma maior vantagem
competitiva para as empresas que se preocupam em construir verdadeiras relações
de confiança com os seus consumidores e demais stakeholders. Dando o exemplo de
Steve Jobs, como prova de um líder carismático que ajudou a construir uma marca
de confiança, os especialistas afirmam igualmente que as dez marcas que maiores
índices de confiança têm nos EUA ilustram que esta é passível de ser atingida
através de programas de RSC que estejam integrados em todo o negócio.
Existe,
atualmente, um enorme ceticismo sobre a capacidade e vontade dos governos de
abordarem, com seriedade, os principais desafios da sustentabilidade, como pode
ser provado pelos protestos que temos vindo a assistir devido à crise na Zona
Euro e por inquéritos de opinião que os acusam de não gerar empregos,
crescimento e não colocarem um travão às alterações climáticas. Mais ainda, são
poucas as ilusões no que respeita a uma mudança efetiva de comportamentos que,
idealmente, poderia resultar do evento Rio+20 ou Cimeira da Terra 2012.
A
extensão da crise financeira e dos seus impactos sociais deu origem a uma nova
ênfase na responsabilidade financeira e governamental e a um debate crescente
sobre o denominado capitalismo responsável ou sustentável. Apesar de o debate
estar em curso, e de cobrir variadas temáticas, a necessidade de repensar os
mercados financeiros e a ligação existente entre as remunerações dos executivos
e a sua performance constituem os temas mais "quentes" da atualidade.
A
questão do "reporting" tem sofrido também vários desenvolvimentos
positivos: a norma ISO 2600; o crescente interesse relativo aos relatórios
integrados: o desenvolvimento do GRI4 (a nova geração de orientações da Global
Reporting Initiative) e a exigência da UE de um conceito mais alargado de RSC,
a par de relatórios com maior ênfase social e ambiental na sua estratégia de
RSC para o período 2011-2014. O número de empresas a divulgarem relatórios está
a crescer significativamente: de acordo com uma pesquisa da KPMG, cerca de 95%
das 250 maiores empresas mundiais divulgam a sua performance em sustentabilidade,
face a 80% em 2008. Depois do papel de destaque que os meios de cominicação
social tiveram nas revoltas populares, tanto na Primavera Árabe como nos países
mais afetados da Zona Euro, o poder destes está igualmente patente no valor que
imprimem em muitas empresas que estão a construir bons relacionamentos com os
seus consumidores. A combinação de uma sociedade civil mais envolvida com o
dinamismo dos média e com as críticas populares parece constituir uma das
melhores formas para manter as empresas alerta e recetivas às tendências e
exigências sociais em profunda mutação.
Fonte: Jornal Oje